EDUCAR PARA SER SOMENTE EMPREGÁVEL.
Ora, existe uma idéia neoliberal
dominante no ensino técnico- profissional que é chamada de produtivista, isto é, o ideário da reestruturação produtiva de
processo de globalização excludente que, na formação técnico-profissional, vem
subordinada à lógica única da produção e do mercado.
Ou seja, se a todo instante ouvimos falar
que estamos em tempo de reestruturação produtiva de economia competitiva e de
globalização, diante dessa realidade posta como ‘’irreversível’’, devem as
escolas e as instituições de formação técnico-profissional ajustar-se. Esse
ajuste postula uma educação e uma formação profissional que gerem um ‘’novo trabalhador’’ – flexível
polivalente e moldado para a competitividade. Caberia, pois, à escola e aos
centros de formação profissional, desenvolver um ‘’banco’’ variado de
competências e de habilidades gerais, específicas e de gestão.
Diante das mudanças no mundo do trabalho-
referente da crise estrutural do emprego-, já não se pensa em ‘’formar para o posto de trabalho’’, mas
para a ‘’empregabilidade’’. Passa-se,
portanto, a idéia de que, com os diversos cursos técnicos espalhados pelo pais,
todos os alunos/estudantes se tornarão empregáveis. Note-se que já não
se propagandeia a Educação Técnica e o Ensino Médio para a formação da
cidadania e para a luta pelos direitos, mas para as exigências exclusivas do
mercado.
Nas
redes de formação técnica, o conteúdo pedagógico, a idéia matriz é de um
cardápio literalmente do tipo fast food, ou
seja, ensina-se o mínimo essencial para os jovens competirem no mercado de
trabalho. (Dentro desse mínimo existe outra porcentagem no que se ensina de
errado, ensino mínimo e com muitos erros).
Outra característica
das idéias neoliberais é a tentativa dos governos de separar a formação técnica
e profissional, da geral criando assim, condições necessárias e suficientes
para uma formação abstrata e polivalente ou ainda para uma formação que se
constitua em espaço de requalificação ou de preparação para a empregabilidade.
Ora, o que efetivamente esse projeto
sinaliza é que o governo brasileiro deseja transformar as escolas técnicas
federais- e, por consequência as estaduais – no SENAI dos anos 40, dando-lhes
sobretudo, a função de requalificação de contingentes de trabalhadores
desempregados ou de formação técnica modular com menor duração e com currículos
curtos.
Nessas propostas, que já estão sendo
implementadas em alguns locais, a educação regular e, especialmente, a formação
técnico- profissional aparecem uma vez mais, como sendo a ‘’galinha dos ovos de
ouro’’, que pode nos ajustar à nova ordem mundial definida pela globalização e
pela reestruturação produtiva.
A novidade não é integrar todos, mas
apenas aqueles que adquirirem ‘’habilidades básicas’’ que gerem ‘’
competências’’ reconhecidas pelo mercado. Competências e habilidades para
garantir não mais o posto de trabalho e
ascensão numa determinada carreira, mas a empregabilidade.
O ideário das novas habilidades – de conhecimento,
valores e gestão- e, portanto, de novas competências para a empregabilidade
apagam o horizonte da educação e da formação técnico-profissional como um
direito individual de todos. Trata-se, agora, de serviços ou bens a serem
adquiridos para competir no mercado produtivo- uma perspectiva educativa produtivista,
mercadológica, pragmática.
Seriam a educação e a formação para a ‘’empregabilidade’’
a chave mágica para superar a crise do desemprego estrutural? Será que os
discursos dos dirigentes das escolas técnicas para com os alunos, no inicio do
curso, de que, ao final, todos terão uma garantia de emprego, são verdadeiros?
Será que as distorções do mercado e a crise do emprego são determinadas pela
qualificação ou não dos trabalhadores? Ou melhor, é possível resolver a crise
do emprego dentro das escolas técnicas ou a partir da obtenção de um diploma de
Ensino Médio ou Superior?
O novo modelo de técnico. Não reinvidica, é produtivo e multifuncional.
Material retirado de uma apostilha de um curso técnico, com algumas colocações minhas.